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Medicina

Canabidiol: o que é, para que serve, quem pode prescrever e doenças tratadas

Canabidiol: o que é, para que serve, quem pode prescrever e doenças tratadas

O canabidiol (CBD) deixou de ser apenas um tema polêmico para se consolidar como um dos campos mais promissores da medicina moderna. Extraído da planta Cannabis sativa, o CBD é estudado em universidades e centros de pesquisa de todo o mundo, sendo hoje reconhecido pelo seu potencial terapêutico em diferentes áreas da saúde.

No Brasil, o interesse pelo uso medicinal do canabidiol cresce de forma exponencial, especialmente entre médicos que buscam novas alternativas para pacientes com doenças de difícil manejo. Condições como epilepsias refratárias, dor crônica, distúrbios do sono e transtornos de ansiedade já contam com respaldo científico para o uso do CBD, e, em alguns casos, até com regulamentação oficial para prescrição.

Para o profissional da saúde, compreender o que é o canabidiol, para que serve, quem pode prescrever e quais doenças podem ser tratadas com ele deixou de ser um diferencial e passou a ser uma necessidade. Afinal, cada vez mais pacientes chegam ao consultório com dúvidas sobre o tema, em busca de tratamentos inovadores e personalizados.

Este artigo foi desenvolvido especialmente para médicos que desejam se aprofundar no universo da cannabis medicinal, entendendo os aspectos científicos, clínicos e regulatórios do canabidiol. Ao longo do texto, vamos explorar desde os conceitos básicos até os usos aprovados pelo SUS, passando por indicações práticas que podem transformar sua atuação profissional e ampliar o leque terapêutico oferecido aos pacientes.

O que é canabidiol​?

O canabidiol (CBD) é um dos mais de cem fitocanabinoides encontrados na planta Cannabis sativa. Diferentemente do tetra-hidrocanabinol (THC), o CBD não possui efeito psicoativo — ou seja, não altera a percepção da realidade nem provoca a sensação de euforia comumente associada ao uso recreativo da maconha. Essa característica faz com que o canabidiol se destaque como uma molécula de alto interesse médico e científico.

Do ponto de vista farmacológico, o CBD atua modulando o sistema endocanabinoide, um complexo de receptores (CB1 e CB2), enzimas e neurotransmissores endógenos presentes no organismo humano. Esse sistema tem papel fundamental na regulação de processos como sono, humor, dor, memória, imunidade e inflamação. O canabidiol, ao interagir com esses receptores, promove um efeito regulador, ajudando o corpo a manter o equilíbrio fisiológico (homeostase).

Composição e propriedades terapêuticas

O canabidiol é extraído principalmente das flores e folhas da Cannabis sativa, podendo ser isolado em diferentes formas: óleo, cápsulas, sprays ou formulações farmacêuticas específicas. Estudos clínicos e pré-clínicos têm demonstrado que o CBD possui propriedades:

  • Analgésicas e anti-inflamatórias
  • Ansiolíticas e antidepressivas
  • Neuroprotetoras
  • Anticonvulsivantes

Esses efeitos sustentam o crescente interesse da comunidade médica na utilização do canabidiol como recurso terapêutico em diversas condições clínicas.

O canabidiol na prática médica

Para o profissional de saúde, entender o que é o canabidiol vai além da definição química. Significa reconhecer que estamos diante de uma substância respaldada por pesquisa científica robusta, capaz de ampliar o arsenal terapêutico disponível em especialidades como Neurologia, Psiquiatria, Reumatologia, Oncologia e Medicina da Dor.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), no Brasil, já regulamenta o uso do canabidiol em medicamentos sob prescrição médica, estabelecendo protocolos claros para importação, prescrição e acompanhamento. Esse cenário abre espaço para que médicos devidamente capacitados possam oferecer tratamentos mais individualizados e inovadores aos pacientes.

Por que é importante dominar esse conhecimento?

Com o aumento da demanda por terapias alternativas e integrativas, o canabidiol deixou de ser uma curiosidade científica para se tornar uma ferramenta terapêutica real. Para o médico, compreender o conceito, os mecanismos de ação e as evidências clínicas do CBD é o primeiro passo para atuar com segurança e autoridade em um campo que cresce rapidamente.

Em outras palavras, saber o que é o canabidiol não é apenas um conhecimento teórico: é uma oportunidade de diferenciação profissional em um mercado em franca expansão.

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Para que serve canabidiol?

O canabidiol (CBD) vem ganhando relevância no cenário médico exatamente por sua ampla aplicabilidade terapêutica, sustentada por um corpo crescente de evidências científicas. Diferente de terapias convencionais que muitas vezes atuam em vias isoladas, o CBD apresenta um mecanismo multimodal, capaz de interagir com o sistema endocanabinoide e outros sistemas fisiológicos, como o serotoninérgico e o dopaminérgico. Isso confere ao canabidiol um leque de aplicações que o torna cada vez mais valorizado na prática clínica.

Controle de crises epilépticas

A aplicação mais reconhecida do CBD é no tratamento de epilepsias refratárias, como a Síndrome de Dravet e a Síndrome de Lennox-Gastaut. Em 2018, a FDA (Food and Drug Administration) aprovou o uso do Epidiolex, medicamento à base de canabidiol, após estudos clínicos demonstrarem redução significativa na frequência e intensidade das crises. Para médicos neurologistas e pediatras, esse dado representa uma alternativa terapêutica eficaz para pacientes que não respondem a anticonvulsivantes convencionais.

Redução da dor e da inflamação

O CBD tem se mostrado útil no manejo de dores crônicas, incluindo fibromialgia, artrite reumatoide, neuropatias e dores oncológicas. Seu efeito analgésico e anti-inflamatório é atribuído à modulação dos receptores endocanabinoides e da resposta imunológica. Para médicos da dor e reumatologistas, o canabidiol surge como uma alternativa que pode reduzir a dependência de opioides e anti-inflamatórios de longo prazo.

Saúde mental e equilíbrio emocional

Ansiedade, depressão e distúrbios relacionados ao estresse são condições em que o CBD vem demonstrando resultados promissores. Pesquisas indicam que o canabidiol atua regulando neurotransmissores como a serotonina e o GABA, favorecendo a redução da ansiedade e promovendo melhor qualidade do sono. Psiquiatras e clínicos gerais encontram aqui um recurso terapêutico complementar, principalmente para pacientes que apresentam baixa resposta a antidepressivos tradicionais.

Neuroproteção e distúrbios neurológicos

Além da epilepsia, há evidências de que o CBD pode contribuir para a neuroproteção, oferecendo potencial terapêutico em doenças como Parkinson, Alzheimer e esclerose múltipla. O interesse crescente da comunidade médica nesses campos reforça o valor estratégico de compreender o papel do canabidiol como parte de um tratamento multidisciplinar.

Oncologia e cuidados paliativos

Na oncologia, o CBD não é utilizado como tratamento curativo, mas sim como adjuvante. Ele auxilia no controle de náuseas e vômitos induzidos pela quimioterapia, melhora o apetite e contribui para a redução da dor crônica. Em cuidados paliativos, torna-se uma ferramenta valiosa para garantir mais qualidade de vida ao paciente.

Por que médicos devem se atentar a essas aplicações

Para o profissional de saúde, compreender para que serve o canabidiol significa identificar novas oportunidades terapêuticas, expandir a capacidade de oferecer tratamentos personalizados e acompanhar uma tendência mundial em medicina integrativa.

O domínio do tema não apenas possibilita um atendimento mais abrangente, mas também fortalece a autoridade médica, já que o interesse dos pacientes cresce a cada dia e muitos buscam informações qualificadas sobre o uso do CBD em suas condições específicas.

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Para que serve o remédio canabidiol?

O remédio à base de canabidiol (CBD) é resultado da transformação de uma substância natural em um produto farmacêutico padronizado, com qualidade, segurança e eficácia comprovadas. Essa diferenciação é essencial: enquanto o canabidiol é a molécula bioativa encontrada na Cannabis sativa, o remédio de canabidiol refere-se a formulações médicas — óleos, cápsulas, soluções orais e sprays — desenvolvidas sob controle rígido para uso terapêutico.

Indicações clínicas mais consolidadas

Os medicamentos de canabidiol já possuem respaldo científico em algumas condições específicas:

  • Epilepsias refratárias: especialmente em crianças com Síndrome de Dravet e Lennox-Gastaut, em que o CBD reduziu significativamente a frequência das crises. O Epidiolex, aprovado pela FDA e pela EMA, é o exemplo mais emblemático desse uso.
  • Transtornos de ansiedade: ensaios clínicos indicam que o CBD pode reduzir sintomas de ansiedade social e generalizada, abrindo espaço para seu uso em psiquiatria.
  • Dor crônica e neuropática: reumatologistas e médicos da dor encontram no canabidiol um aliado no manejo de dores persistentes, especialmente quando o tratamento convencional não traz resposta satisfatória.
  • Espasticidade na esclerose múltipla: estudos mostram que o uso de formulações combinadas de CBD e THC pode melhorar a rigidez muscular, melhorando a mobilidade e a qualidade de vida.
  • Cuidados paliativos: na oncologia, auxilia no controle de náuseas, vômitos, perda de apetite e dor, proporcionando mais conforto ao paciente.

Como o médico deve enxergar o remédio de canabidiol

O canabidiol não deve ser visto como uma “cura milagrosa”, mas como um recurso terapêutico adicional, capaz de trazer resultados relevantes em cenários de difícil manejo. Sua prescrição exige:

  • Conhecimento da indicação correta;
  • Definição precisa da dose e formulação adequadas;
  • Monitoramento clínico contínuo para avaliar eficácia e possíveis efeitos adversos.

Ao compreender essas nuances, o médico se posiciona como referência em uma área em constante expansão, diferenciando-se pela prática baseada em evidências.

Diferença entre suplemento e medicamento

É importante destacar que existem no mercado diferentes apresentações de CBD. Algumas podem ser consideradas suplementos ou óleos importados sem registro, enquanto outras são medicamentos aprovados por órgãos regulatórios como a ANVISA. Para a prática clínica segura, o profissional deve priorizar produtos com comprovação de qualidade farmacêutica, garantindo rastreabilidade e segurança ao paciente.

Quem pode prescrever canabidiol​?

No Brasil, o uso de medicamentos à base de canabidiol (CBD) é regulamentado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) desde 2015, com avanços importantes em 2019 e 2020, que consolidaram as regras de prescrição e comercialização. Diferentemente de outros países que restringem a prescrição a especialistas, a legislação brasileira é mais abrangente, garantindo ao médico habilitado a possibilidade de prescrever.

Médicos habilitados para prescrever

Qualquer médico com registro ativo no Conselho Regional de Medicina (CRM) pode prescrever medicamentos à base de canabidiol. Isso inclui clínicos gerais e especialistas de diversas áreas, desde que haja embasamento científico e indicação clínica adequada.

Contudo, por ser um tratamento ainda cercado de dúvidas e com exigências regulatórias específicas, muitos médicos optam por buscar formação complementar e especialização em medicina canabinoide, para prescrever com maior segurança e respaldo científico.

Exigências regulatórias

Para a prescrição do canabidiol, alguns pontos são fundamentais:

  • Receita médica: obrigatória em todas as situações. Dependendo da formulação (com ou sem THC), pode ser exigido receituário de controle especial (como o tipo B ou A).
  • Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE): muitos médicos utilizam esse documento para assegurar que o paciente está ciente dos riscos, benefícios e limitações da terapia.
  • Registro documental: o médico deve manter a prescrição arquivada, assim como em qualquer tratamento controlado.

Além disso, medicamentos de CBD importados ainda podem exigir solicitação junto à ANVISA, processo que deve ser acompanhado pelo médico prescritor. Já os produtos regularizados no Brasil podem ser adquiridos diretamente em farmácias autorizadas, simplificando o acesso.

Áreas médicas em que a prescrição é mais comum

Embora qualquer médico possa prescrever, a prática é mais frequente em especialidades como:

  • Neurologia e Pediatria (epilepsias refratárias)
  • Psiquiatria (ansiedade, depressão resistente, TEA)
  • Oncologia e Cuidados Paliativos (dor crônica, náusea, caquexia)
  • Reumatologia e Medicina da Dor (fibromialgia, neuropatias, doenças autoimunes)

Esse contexto reforça que, embora o direito de prescrever seja universal entre médicos, o domínio técnico e a atualização científica diferenciam quem atua de forma mais segura e reconhecida nesse campo.

Por que a especialização é estratégica

A demanda dos pacientes por tratamentos com canabidiol cresce rapidamente. Muitos já chegam ao consultório munidos de informações superficiais ou incorretas encontradas na internet. Nesse cenário, o médico que possui especialização em medicina canabinoide não apenas garante um atendimento baseado em evidências, como também se posiciona como autoridade confiável em um tema cada vez mais procurado.

Quais doenças o SUS libera canabidiol?

O uso do canabidiol (CBD) no Brasil vem ganhando espaço na prática clínica e também no sistema público de saúde. Embora ainda não exista uma liberação nacional ampla pelo SUS (Sistema Único de Saúde), alguns estados já aprovaram leis que garantem a distribuição gratuita de medicamentos à base de canabidiol para doenças específicas, principalmente quando os tratamentos convencionais não apresentam resultados satisfatórios.

Doenças reconhecidas pelo SUS para uso de canabidiol

No estado de São Paulo, o governo estabeleceu em 2024 que o SUS poderá fornecer o canabidiol em casos específicos, com base em critérios clínicos e respaldo científico. As doenças contempladas são:

  1. Síndrome de Dravet – um tipo raro e grave de epilepsia infantil, geralmente resistente a medicamentos tradicionais.
  2. Síndrome de Lennox-Gastaut – epilepsia grave caracterizada por múltiplos tipos de crises convulsivas e de difícil controle.
  3. Complexo da Esclerose Tuberosa – condição genética que pode causar tumores benignos e crises epilépticas, além de atrasos no desenvolvimento neurológico.

Essas são as primeiras doenças para as quais o SUS disponibiliza medicamentos à base de canabidiol de forma regulamentada, em ambiente controlado e com acompanhamento médico.

Critérios para acesso ao canabidiol pelo SUS

Nem todos os pacientes com essas doenças recebem automaticamente o medicamento. O fornecimento pelo SUS exige que o paciente atenda a critérios clínicos específicos, como:

  • Comprovar diagnóstico confirmado por especialista.
  • Apresentar epilepsia refratária, ou seja, crises persistentes mesmo após o uso adequado de pelo menos duas medicações anticonvulsivantes convencionais.
  • Documentar, por meio de laudo médico, a frequência de crises e a falha terapêutica com os tratamentos já utilizados.
  • Obter prescrição médica com receituário de controle especial, quando necessário.

Esse processo garante que o uso do canabidiol seja seguro, regulado e baseado em evidências científicas, evitando automedicação e riscos associados ao uso inadequado.

O que ainda não está liberado pelo SUS

É importante destacar que, até o momento, o SUS nacional não fornece canabidiol para todas as indicações em que ele é estudado, como ansiedade, dor crônica, depressão resistente, autismo ou Parkinson. Fora de São Paulo, pacientes que necessitam de CBD e não conseguem custear o tratamento podem recorrer a:

  • Ações judiciais para solicitar o fornecimento do medicamento.
  • Programas estaduais ou municipais que estudam incluir o canabidiol em protocolos regionais.
  • Importação autorizada pela ANVISA, quando não há disponibilidade no SUS local.

Por que esse conhecimento é estratégico para o médico

Para o médico que busca especialização, entender quais doenças o SUS libera canabidiol é fundamental. Isso permite orientar pacientes sobre possibilidades de acesso gratuito, aumentar a adesão ao tratamento e fortalecer a prática médica baseada em protocolos atualizados. Além disso, médicos especializados em cannabis medicinal estão mais preparados para lidar com as demandas jurídicas e clínicas que envolvem o uso do CBD no sistema público de saúde.

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Publicado em 18/09/2025

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