Medicina
Como funciona o uso de cannabis medicinal no tratamento de doenças
Com o avanço da ciência e o amadurecimento das regulamentações no Brasil, a cannabis medicinal deixou de ser um tema restrito aos debates éticos e passou a ocupar um espaço legítimo dentro da medicina baseada em evidências. Cada vez mais médicos se deparam com pacientes buscando alternativas ou complementos aos tratamentos tradicionais — e muitos desses pacientes chegam com perguntas sobre a cannabis.
Mas afinal, como essa planta atua no organismo? Em quais doenças ela pode ser realmente eficaz? Existe respaldo científico? Quais são os riscos? E como um médico pode se capacitar para prescrevê-la com segurança?
Este artigo é um guia introdutório para responder a essas e outras perguntas.
O que é cannabis medicinal?
Cannabis medicinal é o termo utilizado para descrever o uso terapêutico de substâncias derivadas da planta Cannabis sativa no tratamento de diversas doenças e sintomas clínicos. Esses compostos, chamados canabinoides, interagem com o sistema endocanabinoide do corpo humano — um conjunto de receptores presentes em órgãos, tecidos e no sistema nervoso central, com funções ligadas à regulação da dor, humor, inflamação, sono e outras respostas fisiológicas.
Dentre os canabinoides mais estudados, dois se destacam: o tetrahidrocanabinol (THC) e o canabidiol (CBD). Ambos possuem propriedades medicinais, mas atuam de maneiras distintas. O CBD, por exemplo, não é psicoativo e tem sido amplamente utilizado no manejo de condições como epilepsia refratária, ansiedade, dor crônica, inflamações e distúrbios neurológicos. Já o THC, apesar de causar efeitos psicoativos, também possui aplicações clínicas importantes, especialmente no controle de náuseas, vômitos e dores severas em pacientes oncológicos e paliativos.
É importante destacar que o uso medicinal da cannabis não se confunde com seu uso recreativo. Os medicamentos à base de cannabis são padronizados, regulamentados e prescritos com base em protocolos clínicos. No Brasil, esse uso é regulamentado pela Anvisa, que define critérios para prescrição, importação e comercialização desses produtos.
Como funciona a cannabis medicinal?
A cannabis medicinal atua por meio da interação dos canabinoides com o sistema endocanabinoide — um complexo sistema biológico presente em todo o corpo humano, responsável por regular processos como dor, sono, apetite, inflamação, imunidade, humor e memória. Esse sistema é formado por receptores celulares (principalmente os do tipo CB1 e CB2), endocanabinoides (moléculas produzidas naturalmente pelo organismo) e enzimas que controlam sua síntese e degradação.
Os fitocanabinoides, como o canabidiol (CBD) e o tetrahidrocanabinol (THC), são compostos extraídos da planta Cannabis sativa que mimetizam os endocanabinoides naturais. Ao serem administrados, eles se ligam aos receptores do sistema endocanabinoide, modulando a atividade celular de forma terapêutica.
A resposta clínica à cannabis medicinal varia de acordo com o perfil do paciente, o tipo de canabinoide utilizado, a via de administração (sublingual, oral, inalatória, etc.), a dose e a condição tratada. Por isso, o acompanhamento médico é essencial, assim como o conhecimento técnico para ajustar o tratamento com precisão e segurança.
Com base nesse funcionamento, a cannabis medicinal se insere como uma ferramenta terapêutica que pode complementar ou, em alguns casos, substituir tratamentos convencionais, especialmente quando estes não oferecem resultados satisfatórios ou geram efeitos colaterais indesejáveis.
Quer trabalhar com cannabis medicinal? Clique aqui e veja como começar.
Benefícios da cannabis medicinal
A cannabis medicinal tem se consolidado como uma alternativa terapêutica relevante para o manejo de diversas condições clínicas, especialmente aquelas de difícil controle com medicamentos tradicionais. Seu principal diferencial está na atuação dos canabinoides sobre o sistema endocanabinoide — um sistema fisiológico que regula funções como dor, sono, apetite, humor, imunidade e inflamação.
Entre os principais benefícios observados com o uso medicinal da cannabis, destacam-se:
- Redução de crises em epilepsias refratárias, especialmente em pacientes pediátricos que não respondem a anticonvulsivantes convencionais.
- Controle da dor crônica e neuropática, com potencial de reduzir o uso de opioides em longo prazo.
- Melhora na qualidade do sono, particularmente em pacientes com distúrbios do sono relacionados a ansiedade, dor ou doenças neurodegenerativas.
- Redução de náuseas e vômitos induzidos por quimioterapia, auxiliando no manejo de sintomas oncológicos.
- Atenuação de espasticidade e rigidez muscular em pacientes com esclerose múltipla e outras doenças neuromusculares.
- Apoio em cuidados paliativos, promovendo conforto, apetite e bem-estar geral em pacientes em fase terminal.
Além dos efeitos clínicos observáveis, um benefício cada vez mais reconhecido é a possibilidade de personalização terapêutica. Com o avanço das formulações e o conhecimento sobre os diferentes perfis de canabinoides, é possível ajustar as doses e combinações de acordo com a resposta individual de cada paciente.
Doenças que podem ser tratadas com cannabis medicinal
A aplicação terapêutica da cannabis medicinal vem sendo estudada de forma crescente em diferentes áreas da medicina, especialmente para o manejo de doenças crônicas, refratárias ou com sintomas que não respondem bem aos tratamentos convencionais. Os canabinoides presentes na planta, como o canabidiol (CBD) e o tetrahidrocanabinol (THC), possuem propriedades analgésicas, anti-inflamatórias, anticonvulsivantes, ansiolíticas e neuroprotetoras, o que amplia seu potencial de uso clínico.
Entre as principais doenças e condições que têm respaldo científico e regulamentar para o uso de cannabis medicinal, destacam-se:
- Epilepsias de difícil controle, especialmente em pacientes pediátricos.
- Dor crônica (neuropática, oncológica ou musculoesquelética), quando os analgésicos convencionais não oferecem alívio satisfatório.
- Transtornos de ansiedade generalizada, com boa resposta ao uso de CBD em doses controladas.
- Insônia e distúrbios do sono, particularmente em pacientes com dor, fibromialgia ou transtornos neurológicos.
- Esclerose múltipla, para alívio de espasticidade, rigidez muscular e dor.
- Doença de Parkinson e Alzheimer, em estágios iniciais e intermediários, para manejo de sintomas motores, agitação e distúrbios do sono.
- Náuseas e vômitos induzidos por quimioterapia, principalmente com formulações que contenham THC.
Embora o uso da cannabis medicinal não substitua terapias convencionais em todos os casos, ela pode ser uma ferramenta complementar de alto valor clínico, principalmente quando o tratamento padrão não apresenta a eficácia desejada ou causa efeitos adversos significativos.
Quais são os efeitos negativos do canabidiol?
O canabidiol (CBD), um dos principais compostos da Cannabis sativa, é amplamente reconhecido por seu perfil de segurança favorável, mesmo em tratamentos prolongados. No entanto, como qualquer substância com ação farmacológica, seu uso pode estar associado a efeitos adversos — especialmente quando não há uma prescrição individualizada, monitoramento adequado ou quando são usadas doses elevadas.
Entre os efeitos negativos mais comuns, geralmente leves a moderados, destacam-se:
- Sonolência e sedação, principalmente em doses mais altas ou em associação com outros medicamentos sedativos.
- Alterações gastrointestinais, como diarreia, náuseas ou desconforto abdominal.
- Fadiga, relatada por alguns pacientes nos primeiros dias de uso.
- Redução do apetite, embora menos frequente, pode ocorrer de forma transitória.
- Alterações hepáticas leves, observadas em alguns estudos, principalmente com o uso concomitante de anticonvulsivantes como o valproato — por isso, o acompanhamento laboratorial é indicado em casos específicos.
Importante destacar que o CBD não provoca efeitos psicoativos, não causa dependência química e tem baixo potencial de toxicidade, mesmo em doses elevadas. Isso o torna uma opção terapêutica segura para diferentes faixas etárias, inclusive em pediatria e geriatria, desde que com a devida orientação médica.
A melhor pós-graduação do Brasil em cannabis medicinal é na Unyleya
Se você é médico e tem interesse em atuar com cannabis medicinal, a Unyleya oferece a especialização certa para sua carreira. A pós-graduação em Cannabis Medicinal conta com um conteúdo programático atual e professores experientes, garantindo uma formação completa e de qualidade para quem busca se destacar na área.
Por que escolher a Unyleya para sua especialização em Cannabis Medicinal?
A Unyleya é uma das instituições pioneiras no Brasil a oferecer uma especialização totalmente dedicada à Cannabis Medicinal. Com credenciamento do Ministério da Educação (MEC), o curso é ideal para médicos que desejam aprofundar seus conhecimentos na área e atuar com segurança e responsabilidade clínica.
Invista em seu futuro e lidere o mercado com a Unyleya. Clique aqui para receber mais informações sobre a Pós-graduação em Cannabis Medicinal.