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Fala, Professor

Infectologista tira dúvidas sobre a febre maculosa

Casos recentes no Brasil acenderam um alerta sobre a doença, mas não há motivos para pânico  

Nas últimas semanas, o país acompanhou nos noticiários casos de pessoas que morreram por febre maculosa após participaram de um evento na região rural de Campinas, interior de São Paulo. Com sintomas iniciais muito parecidos com os de outras enfermidades – febre alta, dor de cabeça, dor muscular e mal-estar generalizado – a situação acendeu um alerta sobre a doença e muitas dúvidas surgiram entre a população.  

Segundo Alejandro Marcel Hasslocher Moreno, médico infectologista e coordenador do curso de Medicina Tropical da UnyleyaMED, é importante ressaltar que as taxas de mortalidade no Brasil são altas – 10 vezes maiores do que as dos Estados Unidos, por exemplo – devido exclusivamente ao retardo no diagnóstico. É necessário que os profissionais de saúde estejam atentos e levem em consideração essa hipótese diagnóstica, especialmente entre os meses de junho e outubro, quando há um aumento na proliferação do carrapato estrela, um dos principais vetores de transmissão da doença. 

Mas o que é a febre maculosa? 

É uma infecção causada por uma bactéria, a rickettsia rickettsii, que é carreada por artrópodes, sendo o carrapato estrela (amblyomma cajennense), o principal vetor de transmissão. Quando entra em contato com a pele de uma pessoa, o carrapato estrela inocula a bactéria durante a picada. Para que a doença seja transmitida, por meio das glândulas salivares do artrópode, é necessário que ele continue preso à pele, se alimentando, por um período de 6 a 10 horas.  

Quais são os seus sintomas? 

Além da febre alta, dor de cabeça, dor muscular e mal-estar generalizado, sintomas gastrointestinais podem aparecem em um número significativo de pacientes, incluindo vômitos, diarreia e dor abdominal. O principal sinal que define o diagnóstico é o exantema maculopapular (manchas vermelhas pelo corpo), que costuma aparecer no segundo dia de sintomas em cerca da metade das pessoas infectadas e, em quase 90%, até o quinto dia de doença. 

Qual o seu grau de letalidade? 

A letalidade está relacionada à virulência da bactéria e à idade da pessoa infectada. Pessoas mais velhas têm maior risco de óbito, enquanto as crianças tendem a apresentar formas mais benignas. Nos casos não tratados, a mortalidade pode chegar a 30%.  Em casos em que a terapia é iniciada nos três primeiros dias da doença, a taxa de mortalidade gira em torno de 2% em crianças e 9% em Idosos. 

Há um surto da doença? 

Não há uma razão específica para os casos detectados recentemente em São Paulo, uma vez que a sazonalidade da incidência da doença está relacionada ao aumento da atividade do carrapato, que tende a entrar em contato com o ser humano, geralmente nos meses de junho a outubro. 

O carrapato se concentra em pastos e gramados, preferencialmente em lugares distantes do sol, bem assombreados e próximos a rios e lagos.  As capivaras e os cavalos assumem grande importância na cadeia epidemiológica da doença, pois são os principais reservatórios dos carrapatos transmissores da febre maculosa. Portanto, a simples exposição em um ambiente com as características descritas, sem nenhum cuidado profilático, pode levar pessoas a se infectarem 

Existe tratamento? 

Sim, e o seu sucesso está relacionado à precocidade de seu início, utilizando antibióticos específicos para a doença. 

Quais cuidados devemos tomar para não contrairmos a doença? 

A principal medida profilática consiste em evitar o contato com o carrapato, mantendo distância de áreas rurais sabidamente endêmicas. Caso haja necessidade de caminhar por essas áreas, devem-se usar roupas brancas que cubram braços e pernas completamente, para facilitar a visualização do carrapato. Outra medida importante nesse tipo de área é a utilização de fitas adesivas para vedar a junção entre calças e sapatos. 

Além disso, deve-se fazer a inspeção do corpo de 3 em 3 horas, pois quanto mais rápido o carrapato for retirado, menores as chances de infecção. Ao encontrar um carrapato aderido à pele, o ideal é retirá-lo com o auxílio de uma pinça, torcendo-o levemente para que se desprenda da pele. Não se deve esmagar o carrapato com as unhas, pois isso levará à exposição da bactéria, que pode penetrar na pele via micro lesões. 

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